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Universo Cabeludo

em resumo

Chega-se aos 30 anos e percebe-se que o que se queria ser quando crescer não é exatamente o que se é. É uma fase de pensar nas frustrações e nas ações. Todos têm frustrações. Elas fazem parte da vida e nos fazem ser o que somos.​

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Passamos por frustrações desde nossa mais tenra infância quando nossos desejos nos foram sendo privados (alguns por boas razões, como o impedimento de colocarmos o dedo na tomada).​

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Há algumas teorias sobre a frustração. Em 1934, Saúl Rosenzweig apresentou a sua Teoria Geral da Frustração. O pesquisador divide a frustração em primária ou secundária; o obstáculo frustrado pode ser de origem interna ou externa e ser do tipo ativo ou passivo. Assim, é possível as frustrações serem dos tipos passivo externa (como, por exemplo, um objeto inanimado colocado entre o indivíduo e sua meta), ativo externa (um perigo físico que separa a pessoa do seu objetivo), passivo interna (as próprias inaptidões do indivíduo) e ativo interna (como os conflitos intrapsíquicos).​


Quando se pergunta por frustrações  ouve-se coisas de todo tipo: queria ter aprendido a tocar violão, saber cantar, ter dito eu te amo, ter outra profissão, não ser fumante, ser correspondido no amor, saber desenhar, ter tido aquele brinquedo na infância, saber andar de bicicleta, queria ter uma banda, queria viajar mais,  trabalhado menos, e até pessoas, dizendo que não tem nenhuma frustração.​


O que é mágico nas artes cênicas é que tudo pode ser. Assim, pode-se tocar violão, cantar, amar, ter outras profissões... As meninas do Universo Cabeludo sempre quiseram ter uma banda, de rock.


Ter uma banda de rock, este é o resumo do espetáculo Universo Cabeludo. Duas mulheres se encontram com o desejo juvenil de montar uma banda, tocar e fazer sucesso. Para tanto é preciso criar um nome, fazer músicas, ensaiá-las, arranjar um local para tocar, etc.


Estas mulheres que se encontram são as atrizes, na fase dos 30, que também se encontraram querendo montar um espetáculo. Queriam falar do universo feminino.

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O grupo começou com quatro mulheres, quatro mulheres diferentes entre si e diferentes do padrão de mulher propagado pela mídia.  O processo iniciou com cada uma trazendo seus desejos. Valia tudo, tudo que fizesse parte do universo feminino. Procuramos poetisas, dramaturgas, cantoras, diretoras.  Encontramos amores antigos, desejos frustrados, segredos bem guardados. Conversamos muito, rimos e choramos juntas. E brigamos, passamos por várias TPMs.

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O quarteto transformou-se em trio que acabou tornando-se uma dupla. No espetáculo, todo este processo de conversas, choros e risos está presente. Assim como toda a discussão do ser mulher, do feminismo, do machismo, do papel imposto à mulher pela mídia, da mulher objeto.

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Talvez o que nos frustre às vezes seja também a impotência que nós como mulheres sentimos diante de algumas situações. Estupro, preconceito, desvalorização, desempoderamento, violência. Mas certamente o que nos leva a ação é fato de acreditar que tudo isso possa ser modificado.​​


No entanto o espetáculo não é, nem pretende ser, um discurso teórico, uma defesa, um tratado sobre o feminismo. O feminismo está presente, sim, porque faz parte de nosso ser mulher, atriz, estudante, namorada, irmã, filha, etc. Lutamos pelo empoderamento feminino, sim, certamente que sim! Mas Universo Cabeludo é antes de tudo e, sobretudo, um espetáculo teatral. Nosso campo é o da arte, da metáfora, da poesia, da criação.​​


E por acreditarmos que para levar alguma coisa a sério não é preciso ser sério, Universo Cabeludo é permeado de muito humor. É leve, mas também pesado. Cômico e trágico.  Musical. Confessional. Ficcional. Real. Surreal. Surpreendente e frustrante.  Assim como é a vida.

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